-Eu, particularmente, prefiro apenas responder ao ser perguntado. É, sei que pode esta frase soar óbvia para os demais, porém, prestando atenção não faltam bocas para responder, ancientafirmar e prescrever. Por outro lado, poucos são os ouvidos dispostos a escutar outras bocas que não a sua própria. Raríssimas são as orelhas que se põe a ouvir sem julgar as palavras alheias. Aqui, percebi de súbito a sua surpresa. Ah! Não lembro de ter te ouvido pedir minha opinião. O quê? Você crê que é de bom feitio demonstrar o que me trouxe aqui? Justo.

Possuo comigo uma importante mensagem de valor inestimável que pretendo compartilhar convosco. Por que vós? Ora, não acabaram de afirmar sua inabalável empatia, sua compaixão para com o outrem; alguns afirmam até terem alcançado a aclamada ataraxia, ausentes de julgamento. Bom, ademais você é o único que parou para me escutar nesses tempos em que o tempo não é mais vida é dinheiro e, o dinheiro vale mais do que a vida.

israfilCertamente, se interrompes a conversa agora, você irá embora amaldiçoando esse louco desvairado; justo, eu pensaria, desde que tenha outra causa… Mulher e filhos? Não, eu presumia. Enfim, não quero parecer profeta ou qualquer coisa do gênero, por isso, não subo em palanques e minha poesia está em cada canto, cada detalhe e cada errinho, que torna a coisa única e, portanto, insubstituível.

E já estava lá escrito há muito tempo, embora não citarei os livros, que a iniqüidade havia de regressar, trazendo com ela os quatro cavaleiros. Não, eu não sou nenhum cavaleiro do Apocalipse, embora tão pouco seja Arcanjo, onde possas procurar refúgio. Só você mesmo pode se salvar, não pelo caminho de Jesus, Buda ou Maomé, mas pelo seu próprio caminho.mahmutkuru_israfil

Quem sou eu afinal? Bom, se essa é condição sine qua non para continuarmos dialogando… Eu sou um defensor do livre arbítrio, filho e seguidor leal de Raphael ou Israfil ou só רפאל.

Quando me perguntaram, em tempos imemoráveis, sobre esta terra, respondi-lhes que deixassem essa vida responder por si só, assim pelo livre-arbítrio decidiu-se o fim de Sodoma.

mendigo

Até que há 57 anos, disse-lhes novamente as mesmas palavras e decidiram novamente pelo fim. Agora, assim como fez meu pai naquela reunião, viemos aqui simplesmente anunciar os sopros da verdade dos tempos que virão. Sendo que a primeira corneta já soou neste dia, exatos 57 anos atrás.

27/10/2007. Transcrição de conversa gravada onde um mendigo parecia encarnar alguém.

Eu e o Big-Bang:

02/02/2009

Certa vez, conversava com uma criança acerca da evolução da vida no planeta Terra e b_galaxia_do_soldiscorria alegremente sobre os possíveis fatores que teriam provocado esta aberração fabulosa que é, ao menos até onde sabemos, a única consciência do Universo acerca dele mesmo. Ou como diria Darcy Ribeiro, vale a pena “supor que a Humanidade é aquela parte do Universo através da qual o Universo se vê a si mesmo, se conhece e se mede.” Pelo menos desta forma, podemos enxergar um significado possível e sublime para que esta prisão, a qual odiaríamos nos livrar, que é a vida, possa valer a pena.

Estava já absorto em minhas divagações, alegre por constatar o interesse e a seriedade com a qual eu e meu colega de existência nos debruçávamos sob mais esta insolúvel questão; quando enquanto olhávamos àqueles esquemas escolares mostrando de que forma a água que havia se condensado na atmosfera e precipitado ao solo, em conjunto com os elementos provenientes de minérios, deram origem às proteínas que se combinaram.

Combinações estas que, com o acréscimo de uma carga elétrica ou radioativa, tornaram-se seres vivos semelhantes às atuais cianobactérias; o esquema em questão mostrava, principalmente, de que maneira aquelas formas unicelulares deram origem a todas as formas de vidas conhecidas, através da sua divisão por características das mais diversas, do aspecto celular até a presença de uma coluna vertebral, ainda que embrionária. Tudo isto, de uma forma ou de outra, culminava nos Seres Humanos.dinossauro

Enfim, voltando ao ponto central, que era a constatação do meu jovem e nobre companheiro, ao entender o ponto de chegada comum, bem como um de largada, entre todos os modos de existência dos seres vivos, surgiu em seus questionamentos a seguinte pergunta/afirmação: “então, nós somos os dinossauros?”. De que forma, poderia eu responder esta perniciosa, porém, sincera, indagação. Dei-lhe a resposta escolar, mostrando o quão diferentes biologicamente (entre outros entes) éramos dos dinossauros, principalmente, porque se não o fizesse estaria pregando o criacionismo, ao menos, assim diriam os defensores da ciência e de sua educação pela (será?) emancipação humana.

Certamente me arrependi depois, enumero brevemente três motivos. Primeiro, porque não era essa a resposta na qual “apostaria minhas fichas”, segundo, pois também meu companheiro pareceu insatisfeito e me deixou ali falando sozinho, enquanto resmungava alguns sintagmas que não consegui ouvir ou entender completamente, talvez porque eu falava sem parar sobre o filo dos chordata, em particular a classe dos mammalia, na qual co-existimos. E finalmente, porque uma seqüência nesta linha de investigação levar-nos-ia a uma das mais belas e surpreendentes conclusões, a de que nós somos o Big-Bang. Não ria. Em outras palavras, não digo que somos a totalidade do mesmo, sem litígios e decréscimos. Somos, entretanto, uma ínfima parte do mesmo, mas somos um elo, insubstituíveis por mais que a morte se encarregue de nos transformar, converter, transtornar ou mesmo dissolver.

bigbang2Enfim, saí desse diálogo acreditando-me covarde e desafortunado, afinal, “menti” para uma criança, para mim mesmo e, além de tudo, perdi uma excelente oportunidade para expor e relaborar minha teoria de que sou um pedaço do Big-Bang e, por indução, sinto-me um pouco o Universo. Isso para não falar dessa interconexão complexa, na qual vivemos cercados por unidades múltiplas, sem charlatanismos. Veja bem, não somos nós mesmos, ao mesmo tempo, uma unidade e um conjunto de sistemas diferentes que por sua vez… Não acredito ser útil estender aqui que, embora abscôndito, o assim sucessivamente deste caso seja evidente.

As últimas quatro décadas do século XX e, portanto, do segundo milênio pós-nascimento de cristo ou os últimos quarenta e nove anos, dos alguns bilhões que a terra possui, entraram para a história como um momento de luta constante pelo chamado espírito crítico. Pela capacidade de se negar e de manter a lucidez frente às intempéries decorrentes das “frentes frias” totalitaristas, extremadas na Itália fascista e na Alemanha nazista, mas “re-existentes” em diversos outros países em diversas intensidades.

Exemplos de ambos os lados não faltam, embora, eles não sejam hippie-p8706diretamente minhas preocupações: O “inimigo”: Ditaduras na América Latina e diversos países Africanos e Asiáticos, o ponto crítico da Guerra Fria, a ameaça constante; Thatcher e Reagan. Do outro lado: Criação da Onu a partir da liga das nações, lutas pelos direitos civis, pelo fim da guerra do Vietnã nos Eua, manifestações estudantis e trabalhistas em diversos países e claro muitos “Woodstocks” pelo mundo afora.

Enfim, parece-me que finalmente, digamos nestes últimos 9 anos, os totalitarismos (com várias ressalvas) mudaram sua área de atuação, ao menos aqueles no formato tradicional, elites que dominam militarmente o Estado e passaram, a métodos sutis de dominação para amerundrcommteorias mais científicas de comunicação e controle, além é claro, do mercado capitalista em mãos, mais ou menos, fixas.

Nada do que falei aqui até agora deve ser novidade e não é nesse cunho histórico/sociológico que me debruço aqui, onde procuro filosoficamente discorrer acerca do ethos, do geist ou do espírito de minha e para alguns, nossa geração. Antes de mais nada, consciente de que por essa crítica criativa lúcida (embora incompleta) certamente tendo a angariar alguns desafetos nos dois extremos da ferradura, seja o da direita ou o da esquerda, ambos fardados e de armas em punho.

Parabéns, digo-lhes; apreenderam as técnicas da guerra fria, encouraçados, embandeirados e por aí em diante… Nada contra teorias, suposições e criatividade, agora, vidas humanas tem mais preço que wecanidéias (desculpem os defensores de animais, mas prefiro uma boa idéia a uma barata). E esta seria boa hora para, como diziam os antigos, arregaçarmos as mangas e construirmos alguma coisa decente; não que o mundo não o seja, mas tentar melhorar é, creio eu, condição humana. Uns dizem: “comece por você, bacana!”. A maioria das vezes eu fico sem resposta, quando não, só acabo dizendo: “Faz o seu, que eu faço o meu”; o leitor então, intelectual, vai retrucar: “Um guri tão inteligente, utilizando termos chulos, onde já se viu” Aí, só posso dar risada.

Como este não é exatamente o momento de criticar, intento reiterar a necessidade de uma lógica dialética nestes momentos, não essa da negação pura e simples, de antítese, mas sim, aquela tragédia Nietzsche/Deleuziana, afirmativa, positiva, que propõe uma síntese. Esse é um tremendo desafio, não subestimando o momento de crítica, simplesmente, penso que o momento que vivemos exige-nos muitacharge7 lucidez e uma consciência de si próprio (isso mesmo, com redundância e tudo) que só a mente crítica pode alcançar, embora, ainda se faça necessário muito mais.

Pois uma mente crítica, mas sem autoria não colabora com muito, não cria e não aplica. Sem sensibilidade e sem a capacidade de ouvir então, chega a ser dispensável. Leveza e ousadia, assim sem medo da gravidade, a gente pode saltar e fazer coisas daquelas tão maravilhosas, que chega a recordar-nos da potencialidade criativa dessa raça humana. Até lá, continuamos fazendo piquetes, borborigmos e burburinhos.

É claro que tenho medo de arriscar, afinal,environment todas as “arriscadas” anteriores terminaram mal e, a nossa também há de terminar assim, incompleta, inacabada; contudo, esse não final não me incomoda mais, até acho que assim, as próximas gerações terão um ponto de partida, errado é verdade, um não-exemplo, uma tese. Donde aí pode sair uma antítese, crítica e negativa é lógico, mas tão dialética em si, que ao negar, afirma algo e propõe algo, mesmo sabendo que a síntese, não será eterna e nem deverá ser. A verdadeira revolução é a capacidade de recomeçar.

Alguns hão de dizer: “Este se vendeu ao inimigo, ao sistema, ele fraquejou ao capital”. Pergunto-lhes o que eles fazer de tão mágico e especial, que eu não possa fazer. A maioria das vezes eles ficam sem resposta, quando não, apenas dizem: “Faça o seu, que eu faço o meu”. E aí, caro leitor eu só posso dar risada.